domingo, 25 de abril de 2010

O drible dos pedestres

O trânsito, talvez seja uma das maiores pedras no sapato dos paulistanos. Engarrafamentos, excesso de veículos e de pessoas querendo atravessar de um canto para outro. Mas como cruzar de forma tranquila e segura se em cima do local reservado para os pedestres há carros e mais carros?
Uma das soluções da prefeitura, juntamente com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) foi instalar radares que multam os motoristas que param em cima das faixas no valor de $85,13, valor previsto pelas leis de trânsito.
Um dos diversos locais na cidade de São Paulo onde há essa guerra entre pedestres e automóveis é na esquina do shopping Bourbon, no bairro de Perdizes, no cruzamento da Rua Turiassú com a Avenida Pompeia.
Para constatar o problema não é muito difícil: basta ficar sentado em frente ao shopping por alguns poucos minutos e já se pode ver o sinal verde para as pessoas atravessarem, vermelho para os carros e os pedestres driblando os automóveis que ficam parados na faixa. O radar, que muitos desconhecem, está lá quase que escondido e o problema em frente dele o tempo todo: “eu não tinha conhecimento da existência desse tipo de radar, mas penso que pode ajudar os motoristas a serem um pouco mais civilizados. Mas às vezes paramos em cima da faixa não de forma proposital, mas porque o semáforo fechou e não deu tempo de freiarmos antes ela”, revela a estudante de sistemas de informação, Raquel Tetti, 21.
Durante 30 minutos parados na respectiva esquina, os flagras não foram poucos de pessoas paradas em cima das listras brancas: “eu parei sem querer, nem sabia de radar algum, desculpa”, diz uma motorista apressada que sai sem se identificar.
“Não sabia desse radar, mas acho ótimo. Odeio a falta de respeito com o pedestre nesse sentido de parar em cima da faixa ou acelerar assim que o farol abre pra pressionar o pedestre a ir mais rápido. Aqui na Turiassú estava uma bagunça mesmo; principalmente em horários de pico e de jogos no Palestra”, declara o estudante de engenharia Guilherme Ribeiro, 18, que mora próximo ao cruzamento e passa por lá todos os dias.
As autoridades ainda exaltam a premissa de que só pesando no bolso do cidadão é que as pessoas tornar-se-ão um pouco mais civilizadas e respeitosas no transito; assim como fizeram com as multas para quem dirige alcoolizado. Por estar no início da implementação, pode ser que demore um pouco, mas pode virar um hábito ao invés de ser apenas quatro pontos retirados da certeira e uma despesa no final do mês: “a multa é uma faca de dois gumes. É uma forma de o governo tirar o dinheiro das pessoas, mas pro outro lado, se as pessoas não têm consciência, às vezes afetar o bolso delas é fazer com que ela mude de atitude. Mas o lado negativo é essa arrecadação do governo com multas inexplicáveis, mas neste caso, é importante”, declara o bancário Rodrigo Florêncio, 24, ao tentar cruzar rapidamente de um lado para o outro da Turiassú.
Para M. F. G, 15, que trabalha entregando folhetos na esquina do Bourbon, “só a multa não resolve; outros processos teriam que acontecer como o acompanhamento de fiscais da CET”. Ao ser indagada se há funcionários da CET o dia todo ou ao menos nas horas de maiores picos de veículos naquele local, a resposta da jovem é rápida e clara: “Não.Trabalho seis horas por dia neste mesmo local e raramente vejo os fiscais por aqui”
A assessoria de imprensa da CET encontrava-se indisponível para atendimento. A redação ouviu o funcionário “Mendonça”, que não quis dizer seu nome completo, alegando ser o único dentro da empresa com esse nome. Segundo ele, “se existe o radar naquele cruzamento, não há a necessidade que tenhamos funcionários fazendo vigília, pois o radar está ali para fazer o trabalho dos marronzinhos” – como são conhecidos popularmente os funcionários da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo.
Mendonça afirma que caso haja uma situação caótica no local, a CET pode ser acionada através do número1188: “uma ocorrência será aberta e uma viatura será enviada para verificar o que está acontecendo no local; se necessário, um suporte é chamado”, declara.
Hoje a CET cuida de 835 quilômetros das principais vias da capital e de 4500 cruzamentos em toda a cidade: “há um estudo para que mais radares como esses sejam instalados em outros cruzamentos”, completa o funcionário.
Agora resta esperar e ver se a tão necessitada civilização, aliás, educação que alguns motoristas ainda precisam ter virá apenas com as multas, acabando assim com o drible dos pedestres para atravessar uma rua.

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